Queijão fala sobre carreira e a marcha picada no Mangalarga Marchador
Luiz Antônio da Silva Neiva, o Queijão, de 43 anos de idade, está há 18 como treinador e apresentador de pista, principalmente de animais de marcha picada.Proprietário do Centro de Treinamento Ungido, na cidade de Catalão, em Goiás, Queijão é dono de 36 títulos entre Primeiro Prêmio e Campeão nas Exposições Nacionais e CBM’s da raça Mangalarga Marchador. Leia a entrevista abaixo.
Como você conheceu e começou a trabalhar com a raça?
Eu conheci igual todo usuário conhece né. Eu queria fazer cavalgada. Só que eu queria um cavalo bonito e de bom andamento. Na minha região só havia aqueles cavalos comuns, de fazenda mesmo. Aí um criador, Derlemano Vieira, já até falecido, foi quem me apresentou para o Mangalarga Marchador. Ele me vendeu um potro. Depois de um tempo, quando ele foi ver o potro, falou: “poxa, esse potro está muito bonito, bom de andar. Vamos leva-lo na exposição.” Quando eu levei o potro, que já tinha virado cavalo montado, foi Reservado de Categoria. A partir daí eu não parei mais”.
Durante muitos anos você dividiu sua carreira no cavalo com outra atividade. Como isso aconteceu?
Eu era Técnico em Mecânica. Era Supervisor de Manutenção em Mecânica de uma indústria de fertilizante. Só tem quatro anos que estou trabalhando exclusivamente com cavalo.
Por que você tomou essa decisão?
Me baseio muito na frase que diz: “Quem faz o que gosta não trabalha nunca”. Acho que depois que decidi só trabalhar com cavalo eu devo ter ganhado uns 20 anos de vida a mais.”
Esta entrevista está sendo realizada durante a 25ª Exposição Especializada de Pará de Minas, a 70 quilômetros de Belo Horizonte. Você está aqui disputando com animas da marcha Picada. Como você enxerga a marcha picada em Minas Gerais e também no Brasil? Até bem pouco tempo, talvez há uns 6 ou 7 anos, quanto mais aproximávamos da região de Belo Horizonte e do Sul de Minas menos a gente via a marcha picada presente. Nas exposições e copas só tinha campeonato de marcha batida. Quando formava algo de picada, era um campeonato só de fêmea, com quatro, cinco éguas. Atualmente, eu vejo acontecer o inverso. Há um movimento crescente da marcha picada em Minas. Temos visto, exposição após exposição, o número de animais de picada crescendo, abrindo categorias suficientes para a disputa de grandes campeonatos. O melhor de tudo é que a disputa tem sido entre animais aqui do próprio Estado de Minas, com nível excelente. Hoje as categorias aqui em Pará de Minas, por exemplo, todas estão com seis éguas e cinco machos. Esse crescimento da picada aqui em Minas é um reflexo do crescimento no país inteiro.
O que precisa melhorar na avaliação dos animais de marcha picada?
O quadro técnico acompanhou o crescimento da marcha picada ao longo dos anos. Antigamente, os árbitros iam conhecer, estudar e analisar a marcha picada só quando entravam pro Quadro de Jurados. Isso mudou de 2009, 2010 pra cá. Os árbitros que passaram a entrar no Quadro, já possuíam conhecimento e olho bem mais apurado pra julgar marcha picada. Agora melhorou mais ainda. Temos jurados que montam em animais picada melhor até do que nos de marcha batida. Então vejo que estamos em uma rampa de crescimento na parte técnica também na marcha picada.
E o Mangalarga Marchador de marcha picada. O que precisa melhorar?
Na parte de andamento eu brinco que eu não sei mais onde a gente vai melhorar. Hoje todo cavalo de picada bom, premiado em pista, é também genuíno de marcha. Amplo, mão com semi círculo, perna engajada, que flexiona e estende. Ele atende todos os quesitos de um bom cavalo de marcha.
Mas eu também acho que o cavalo de marcha picada ainda carece de um melhoramento na parte morfológica. Acho que ainda falta “caixa”. Um cavalo que seja mais “troncudo”, com um arqueamento de costela bem definido. Acredito também que ainda falta uma garupa de melhor qualidade. Nos “primórdios” da picada os animais tinham, no geral, uma garupa pequena e escorrida. Hoje, ainda falta que essa garupa seja mais ampla no meu ponto de vista.
14/04/2023